[foto/Del Gatto] Flagrante de um alienígena prestes a dominar o mundo

Um dos maiores anseios da humanidade, além de ganhar na loteria sozinho ou encontrar um lugar no estacionamento do shopping no Natal, é criar uma máquina igualzinha a ele: um robô. E eles já estão entre nós. Não estou falando dos filmes de Invasores de Corpos: aqueles em que alienígenas chegam a uma cidade pequena (tem que ser no Iowa ou Kansas senão não vale), entram nos corpos dos habitantes e eles viram autômatos. Então, lá pelo final do filme, os alienígenas, percebendo que não vão conseguir fazer uma lavagem cerebral completa na raça humana (porque a Caras, o Bigbróder e os videoclips de rap já se encarregaram disso) começam a expelir aquela gosma verde e asquerosa pelo corpo todo e estrebucham.
Já que não mora no Iowa ou Kansas, o único autômato que você deve conhecer é o seu cunhado, que fica horas jogado no sofá da sua casa, bebendo cerveja, vendo futebol e falando bobagens todos os Sábados e Domingos. Mas não estou me referindo a ele. Estou me referindo a pessoas normais do seu dia-a-dia: brancas, negras, morenas, homens, mulheres, altas, baixas. Pessoas comuns como você, que são a favor da pena de morte para quem inventou o telemarketing e para quem usa o aspirador de pó para limpar a casa nos finais de semana. Mas com uma pequena diferença: elas já não são mais seres humanos, tornaram-se robôs.
Mas como estas pessoas se transformaram em robôs? Simples: o habitat natural do Ser-Humano-Robô (SHR em português ou RHB-Robot Human Being em inglês), é propício a isso: o escritório. Chegando lá, entre golinhos de café, fofocas do escritório e muitas tecladas no computador, ninguém nota que este ser, que tem a forma humana por fora, na verdade é um metamorfo-alienígena-robô por dentro.
Claro que ninguém sabe que ele é um SHR, nem o chefe (que passa os dias desenvolvendo uma fórmula matemática para ganhar na loteria) e nem a sua família (que está sofrendo outra transmutação-monstro de tanto ver programas de auditório).
Quem passa pela sua mesa pensa que o SHR está trabalhando, mas isso é só fachada: quando ele pega no computador, aos poucos vai se metamorfoseando em robô.
A sua única função no horário de trabalho é receber e-mails dos amigos e repassá-los: recebe e repassa, recebe e repassa, recebe e repassa (isso dá samba). Escrever algo? Nem pensar, só repassar.
Se ele for um funcionário sem MBA, ele utiliza o botão "ENCAMINHAR". Se ele for poliglota com MBA, tem o privilégio de só utilizar o botão "FORWARD". Mas os dois tem algo em comum: a vida trabalhista destes seres se resume unicamente a enviar os Encaminhar/Forwards o dia inteiro. E quanto mais pesados, melhor.
A maior prova de que ele tornou se um SHR, é que as mensagens que ele repassa, vem nos formatos mais alienígenas possíveis:

. MS_TNEF
. PagodeXBlondE,
. CAFOnas//data,
. ÉnóisNaFitApiadassSujas.exe,
. Corrente/Mon---GsolitárioDaVenezuel@,
. faLô[MANO].BkinhaD'GarraF, e todo tsunami de informações inúteis que se possa imaginar.

Ele, como um SHR alienígena que é, tem apenas uma coisa em mente: dominar toda a raça humana. E essa misssão começa enviando os Encaminhados/Forwards não só aos colegas de trabalho, mas também a você, que é amigo dele. E que vai ter a caixa de correio do seu PC de casa, entupida das tralhas que ele manda todos os dias.
Claro que no final do expediente o SHR não solta a tal gosma verde e nem estrebucha como nos filmes. Porque senão, aquela senhora que faz a limpeza do escritório no final do dia, ficaria furiosa de ter que limpar aquela porquêra asquerosa.Mas uma coisa é certa: eles estão entre nós. Por isso, se algum destes seres perguntar se você tem e-mail, desconverse e diga que ainda não tem computador porque gastou todo o seu dinheiro em um maravilhoso
cruzeiro aqui: Cucamonga Island. Fico me coçando só de pensar nisso.

Maicol Mad Dog - Secretário