[foto/arquivo] As piriquitas apertadas estão por todos os lados: sofridas e suadas
Nós nunca sabemos como surgem as modas. Em algum lugar secreto eles decidem o que será moda e a espalham pelo mundo.
Então, alguém em seu ateliê de moda deve ter pensado “acho que vou inventar a moda da Piriquita-Apertada e espalhá-la pelo Brasil afora e pela Piriquita adentro”. E da noite para o dia todas as mulheres tem que sair suadas e deseperadas de suas academias de ginástica, fazer o exercício de jogar fora todas as suas calças (porque nem dá para miniaturizar o zíper antigo), e bater perna atrás de uma calça de cintura-baixíssima-aperta-piriquita.
Nestes tempos que correm (não correm muito, porque a Piriquita-Apertada não permite movimentos muito soltos) o festival de Piriquitas-Apertadas assolou o país. Para onde quer que olhemos, lá está a Piriquita, apertadíssima, seja nas ruas, no metrô, nos restaurantes, nos salões de festa, em todos os lugares públicos e púbicos. Piriquitas-Apertadas de menina-moça, de jovem-gostosa, de jovem-senhora, de senhora-mulher, de mulher-perua e até a da querida da vovó (que é querida, mas não deixa de ser uma baranga, que usa Dove pela falsa Campanha-Da-Falsa-Real-Beleza-Das-Barangas).
[ilustração/arquivo] Reprodução de rosto sofrido de mulher, atordoada por usar uma calça com a piriquita apertada
Todas com braguilhas baixíssimas e a Piriquita apertadíssima; sofrendo, suando, sem direito a desodorante. E os homens suando ainda mais de tanto olhar para as Piriquitas-Apertadas que desfilam à sua frente.
Como é que vamos nos preocupar com o aquecimento global de temperatura se temos este problema preocupante de calor na bacurinha?
Se alguma mulher ousasse usar a moda da Piriquita-Apertada antes do confinamento da Piriquita ser decretado oficialmente pela moda, ela seria no mínimo apelidade de devassa ou pior: de querer fazer Harakiri e causar gangrena na própria Piriquita. A sociedade não ia permitir uma coisa dessas e lançaria a campanha social-libertadora “Free Piriquita”.
Mas com a moda da Piriquita confinada já instituída, nos cercando cada vez mais, todos tem que fazer aquela expressão de que “está tudo normal, normalíssimo, não tem nenhum cheiro de sexo no ar”. Cheiro não tem mesmo, porque ele também deve estar confinadíssimo junto com a Piriquita.
Banner gentilmente cedido pelo jornal ao movimento Free Piriquita
Quem deve estar uma arara com a Piriquita-Apertada são os japoneses dos zíperes YKK (os zíperes-piriquita tem no máximo dois ou três pares de dentes) que devem ter visto os lucros despencarem mais abaixo que a cintura das calças-piriquita.
Com a moda da Piriquita-Apertada, a Cintura e a Piriquita que eram tão frias e distantes, ficaram muito mais próximas e amicíssimas: agora já não se sabe onde começa uma e termina a outra. E enquanto a Piriquita-Apertada estiver em voga, certamente a franga vai continuar mais solta do que nunca. CLIQUE PARA PROTESTAR: Movimento Free Piriquita
Maya J. Times - Diretora Editorial
15Veja o que nossos leitores comentaram:
Olá, fico feliz que os problemas técnicos foram resolvidos.
Paula
Olá. Já que os comentários foram apagados (que pena) volto a fazer o meu: sim, estamos em uma ditadora da moda. As mulheres, mesmo não querendo, algumas vezes não tem um modelo de calça para escolher. Há pouco tempo a revista TPM (da Trip) no Caderno Badulaque (nome da reportagem "Manifesto pelas calças 44") desmascarou os designers de moda, mostrando que alguns não estão preocupados com as pessoas que eles vestem, e sim em forçar modelos e tamanhos artificiais para as "mulheres que eles consideram ideais". Bem, quando as mulheres se revoltarem de vez, então é bom pessoas com estas estarem muito longe. Muito obrigado pela reportagem,
Rafaela
Olá, a matéria da Piriquita Apertada e do Nat Gío são demais.
Luis Paulo
Boa tarde. Finalmente alguém teve a coragem de publicar o que os costureiros estão fazendo com as mulheres: obrigando-as a usar o que eles querem. Compreende-se que em outros níveis de moda (desfiles e alta costura) eles possam fazer isso. Mas no dia-a-dia isto é um verdadeiro absurdo. Todas as calças são baixas e apertadas (ou como vocês dizem, com a "Piriquita-Apertada). Quem não quer usar calças assim, não tem escolha. Então todas temos que andar com as calças apertadíssimas e totalmente sexuais, como se isso fôsse normal. Nos outros países em que viajei, existeesta moda, mas a modelagem tradicional é preservada. A aqui no Brasil as mulheres acabam por usar, seja por não terem escolha, ou por serem bobinhas e usarem qualquer coisa que eles ditem, que "seja moda". Fora com este absurdo. e Parabéns pela matéria, que inteligentemente é divertida para falar de algo sério, a sexualização da nossa sociedade.
Cordialmente,
Silvia Pais
Gostei ;)
Silvia Pereira Bastos
muito divertida!!
mr. zen
sabem que vcs repararam em uma coisa que eu não tinha notado mas sabia? bjs Nana
Maya, vc esta cada dia melhor. fala tbem sobre a moda de praia.
Vi
Um dos textos mais engraçados que li. BP
Oi, para mim esta é a melhor reportagem do jornal até agora. Vocês poderiam também escrever sobre o pessoal modernette e aqueles óculos de lente laranja ridículos e presilhas nos cabelos desleixadas. Falem também do pessoal cabeça, que não sei porquê, ainda não entraram em extinção. Renata
estah dificil encontrar calças tradicionais. eh uma luta tentar ser uma pessoa "normal" no meio da moda. Luciana
Hoje andando na rua vi pasar uma senhora com uma calça baixíssima e a braguilha pequeníssima e apertadíssima. Logo lembrei e ri muito da reportagem da piriquita apertada. Por isso resolvi escrever. Aquela senhora com aquela idade andando assim nem se dá conta da figura que faz.
bjs
Andréa
e isso porque vocês não falaram da revista cosmo: uma manual para a mulher da classe média se tornar uma p* (perdão, mas é verdade). escrevam sobre isso. gostei do jornal.
suely marcondes lima
eu uso a tal da calça piriquita e os homens adoram. desculpe por ser gostosa.
mônica
deixa a minha periquita apertada, é moda e eu uso.
Vera
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