[foto/arquivo] O Palácio do Governo, agora transformado também em Mega-Loja: um orgulho nos trópicos para quem não vive sem uma tralha eletroeletrônica
Este jornal está sendo cobrado por alguns leitores sobre suas posições políticas. Estes “leitores” deveriam estar fazendo tricô, jogando biriba ou cozinhando jiló com baba ao invés de nos cobrarem im-posições políticas. Nas Ilhas Virgens o único problema que temos, é se já chegou o contêiner com água mineral Ty Nant do País de Gales (Wales) para a Maya J. Times e o Del Gatto. Mas para os outros países que querem, aqui vai a minha posição: Power To The People!
Ou seja, o conceito de governo deveria ser totalmente abolido e devíamos esquecer de vez toda esta pitomba de democracia, ditadura, parlamentarismo ou monarquia: o negócio é tomar vergonha na cara e implantar nos trópicos um sistema de governo novinho como girino em um lago e revolucionário como spaghetti com leite moça. Temos que dar o Power para o povo. Ou seja, dar todas as tralhas eletroeletrônicas para que o povo aperte o botão de Power e não encha mais a paciência.
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Falo isso com toda a moral, já que, um lugar que é pioneiro em urna eletrônica é sinal que o povo não vive sem eletroeletrônicos, bolas!
Para isso precisaríamos fazer um governo em forma de Triunvirato (não porque funcione, mas porque é bonito para o mundo ver). Se forem quatro serão Quatriunvirato, se forem cinco serão Quintos do maculêlê e se forem seis serão Sextápolas (porque esta palavra tem som de sacanagem). O governo será formado pelas lojas que massacram todo o santo dia o nosso cérebro e as nossas orelhas com a comunicação-grito-para tudo-quanto-é-lado, pitombas!:
Presidente da República: Casas Bahia
Vice-Presidente: Ponto Frio
Senado: Magazine Luiza
Câmaras: Lojas Marabraz
Suplentes: Sacoleiros de Ciudad del Este
Consultor Vitalício: Silvio Santos
[foto/arquivo] Vista das mega-lojas (antigo Congresso) pondo em marcha a campanha de salvação nacional “Um rômi-tíater em cada casa”.
Estas tralhas de lojas estão em quase todo o país, o que garante a unidade nacional. Antes a gente ia até a esquina e o que encontrava? Bares. Depois ia até a esquina encontrava posto de gasolina. Hoje acabou tudo isso, ficou uma porquêra só: na esquina só tem estas lojas-tralha de eletroeletrônicos. Por isso, transformaríamos todos os edifícios públicos em Mezza Repartições/Mezza Mega-Lojas. Quanto aos ministérios, o negócio é descomplicar: abolir todos, porque eles não servem para pitufa nenhuma mesmo. E criar dois únicos ministérios essenciais: o Ministério dos Eletroeletrônicos e o Ministério No Cartão (porque a burrice é tanta que ninguém mais paga “com” o cartão e sim “no" cartão).
Mas voltando ao assunto, uma medida importante seria fechar todos os bancos, já que banco só serve para financiar toda aquela traquitana de eletroeletrônicos e além disso estas lojas já abriram os seus próprios bancos para esfolar a gente também. Então o melhor é mesmo juntar tudo num só muquifo – compras e extorsão - para a comodidade de todos.
[foto/arquivo] Power to the People! Basta apertar o botão Power (o problema é quando cai a cerveja e a linguiça engordurando o romí-tíater)
O governo seria vitalício (seja lá isso o que fôr, mas que é legal, isso lá é) e rotativo, tipo churrascaria rodízio, já que o povo entende este sistema.
Com este tipo de governo, a população se sentiria realizada comprando as tralhas de eletroeletrônicos para entulhar a casa. De tão apertada a sala, os home-tíater ficariam todos sujos de farofa e gordura de linguiça de tanto prato de comida caindo em cima deles.
Nos livraríamos também das propagandas eleitorais e dos marqueteiros, já que as propagandas destas lojas-tralha são iguaizinhas às propagandas eleitorais: é tudo gritado e esganiçado, prometido e oferecido. Só de pensar fico me coçando todo. O único problema nisso tudo é que depois do primeiro mandato estas lojas teriam que vender aqueles aparelhinhos para surdez, porque depois de 4 anos gritando na orelha de todo mundo, a bigorna e o martelo já teriam ido para o espaço. Mas tudo bem, pelo menos neste tipo de governo, os seus representantes (os vendedores) estão sempre sorrindo (tipo sorriso Mac Donalds quando pergunta se quer a tal da batata frita para acompanhar). E o melhor de tudo: na boca dos vendedores-governantes não falta nenhum dente, o que é muito legal.
[foto/arquivo] A Praça dos Tres Poderes (conhecida como praça dos sacoleiros) Graças a eles, todos podem exercer os Três Poderes: o poder de ter um rômi-tíater, o poder de colocar o som no máximo e o poder de moer a paciência do vizinho de tanto barulho
O hino do novo país seria escolhido entre o mais-lavagem-cerebral das musiquinhas-encheção deles: “Casas Bahia, dedicação total à você…”, ou “Você pode, você pode, você pode….”, "Puquê Puquê, Puquê, Puquê", etc.
Também pegaríamos o slogan de cada loja e escolheríamos qual o melhor para colocar no brasão da República: “Preço menor ninguem faz!”, “Dedicação total à você”, “Vem ser feliz”, “O bonzão da prestação”, “Você pode, você pode, você pode” ou outra tralha qualquer.
O problema do desemprego também estaria garantido, porque estas lojas empregam toneladas de massa humana, empurrando para as pessoas o que todos querem – os eletroeletrônicos – e teríamos fartura de empregos.
Sobre a política externa, o negócio é fechar todos os consulados e embaixadas e abrir no lugar filiais destas lojas-tralha. Ou seja: o país ia faturar os tubos vendendo tralha no exterior.
[foto/arquivo] O novo lema da república responde aos anseios e regurgitos das vítimas dos safados que furam as filas
O monumento nacional seria a Praça dos Três Poderes (mais conhecida como praça dos sacoleiros) onde todos os anos seria comemorada a data nacional da república com a Feira da Muamba, uma festa inesquecível com overdose de tralha eletroeletrônica para todos.
Já no campo da polítca de base, a principal campanha de salvação nacional seria: “Um rômi-tíater em cada casa”. E depois de solucionarmos este problema, este governo surgido nos trópicos-suarentos (daqueles com mancha de suor no suvaco que tem uma auréola esbranquiçada em volta da mancha) iria atingir a meta mais importante de todas, o problema que tira o sono de qualquer pamonha (depois da carência dos eletroeletrônicos): os furadores de fila. Nesta nova ordem, o lema da bandeira da república responderia o anseio de
Maicol Mad Dog - Secretário
24Veja o que nossos leitores comentaram:
E a oposição seria a Polishop.
Ha ha ha ha ha muito bom!
Verinha
Muito legal, é isso mesmo, a gente só quer eletroeletronicos cada vez mais. E aquele recado acima de que a Polishop é a oposição, tbem concordo, e o TV Shop tbem é oposição ;)
Rodrigo
cara, o brasileiro é demais, so quer eletroeletronico. e tome casas bahia e ponto frio zunbindo nos nossos ouvidos. ja nao aguento tanta gritaria e principalmente aquela musiquinha "voce pode.....voce pode..." concordo com tudo.
Lisa White
muito legal o jornal
Bia
Parece que por aqui a unica coisa que importa eh ter um home theather e um off road. A vida de algumas pessoas se resume a isso. Parabéns pelo jornal.
Luiza Moraes
Demais a matéria. Fiquei fã!
bjs
Mariazinha
ha ha ha ha ri muito. isso do home theater é assim mesmo: sala apertada e home theather grande.
Paulinho Flash
É mesmo, por aqui saúde e educação estão em baixa. E os eletroeletrônicos estão em alta. Mas mesmo assim ainda bem que o povo brasileiro é um dos melhores povos do mundo e tem bom-humor para aguentar tudo isso. Aí nas Ilhas Virgens não devem existir este tipo de problemas, mas se as pessoas daí forem como vocês, então deve ser muito divertido.
Greetings From Brasília,
Luiz Paulo
o maicol pode não escrever certinho, mas o que eu gosto dele é que ele diz as coisas certas.
Lilica :)
Alo moçada das Ilhas Virgens, sou fã de vocês!
abs
Bob/Rio Grande do Sul
Oi pessoal. É uma alegria cada vez que vejo uma matéria nova no jornal. Já virou um hábito ler as matérias e rir muito (mas sabendo que por mais que ria, os assuntos na verdade são sérios e atuais). Na verdade fiquei pensando e acho que o que vocês fazem é um jornal de antropologia-social com humor. Pronto, falei ;)
Então fico esperando a próxima matéria e mando beijos para a Maya, o Del Gatto e o Maicol.
Ana Luísa
Realmente, é um saco isso de propaganda gritada.
Lú
PS: Parabéns pelo jornal e pelo novo recorde de leitores.
Ola, este é um dos meus sites favoritos. Toda vez que recebo o e-mail dizendo que tem nova matéria, já fico imaginando do que é que vocês vão falar :)
Beijos em todos no jornal e espero que o sol esteja brilhando nas Ilhas Virgens. Quando der dou uma passadinha por aí.
Maria Cecília Campos
Aqui da Amazônia estou pertinho de vcs. Hilariante o jornal. E aqui na zona franca o que não falta é tralhas de eletroeletrônicos.
abs
Chico
Boa tarde. Sou leitor do seu jornal e o acesso frequentemente. Antes de mais nada, parabéns pelo novo recorde do número de leitores. Sobre a matéria dos eletroeletrônicos, ela é muito perspicaz em detectar de forma irônica que o brasileiro realmente dá um valor muito exagerado aos aparelhos eletrônicos. Todos sabemos que isso é fruto de muitas coisas, entre os quais a alta taxação de produtos importados, o que faz com que a população sofra desta "ânsia" por tais aparelhos. Principalmente os importados. Quando as taxas de importação se tornarem menores e o poder aquisitivo do brasileiro se elevar um pouco, esta ânsia diminuirá sensivelmente e equivalerá aos dos outros países. Mas no momento com estes juros irreais, esta situação tende a permanecer, Só resta então rir um pouco da matéria e refletir sobre ela.
Cordialmente,
José Nunes
essas musiquinhas todas enchem o saco! voce pode, voce pode, porque porque, porque porque, cara, nao aguento mais isso
billy
Oi, muito boa a reportagem, muito divertida. Valeu!
Bob (Rio de Janeiro)
Olá ,pessoal. sabe, eu gosto muito de vocês, mesmo não os conhecendo. Eu faço jornalismo e quando me indicaram o site e li achei o máximo. As matérias são muito bem escritas e retratam ironicamente o nosso país. Mas acho bacana que as matérias, mesmo assim não são ofensivas. É isso que eu gosto no humor de vocês: não ofende. Aliás, não só as matérias com humor, mas as sérias também. Quando tiver um tempinho, pego o dinheiro da poupança e vou visitar vocês aí nas Ilhas Virgens. Beijos em todos,
Maria (Brasília)
eu sou um que tem um home theater e uma sala apertada, fazer o que?
abs
João
Muito boa a materia e estou esperando a outra da laranja.
abs
Júlio
Oi. E não se esqueçam das televendas para vereadores ;)
Silvia Penteado
Achei muito interessante o tópico. Mas nao podemos culpar as lojas. Inclusive aquela Marabraz nem eletroeletronico vende (cuidado com o q escrevem). Temos que culpar o brasileiro...que coloca o consumismo a frente de necessidades e têm se endividado bastante.
Vocês aí não têm eletroeletronicos? Vocês aí se fossem donos dessas lojas iam destruí-las? Acho difícil, provavelmente iriam ou mantê-las, vendê-las ficar com a grana, ou fazer algum trabalho comunitário para não sentir culpa....e então,
a culpa é da loja?
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